TEXTO Luís Lopes
No que respeita à reivindicação de apoios para o sector do vinho, a região do Douro e do vinho do Porto é, de longe, a que tem estado mais activa. No dia 8 de Julho teve lugar uma reunião entre a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque e a direcção da AEVP – Associação das Empresas de Vinho do Porto e pouco depois surgiu nas redacções comunicado do governo, logo seguido de comunicado da associação.
Do gabinete da ministra, veio a informação de que tinha existido uma reunião com “membros do Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP)” e que nessa reunião foi anunciado pela governante a “disponibilização de 3 milhões de euros provenientes dos saldos de gerência do IVDP para a criação de uma medida de armazenamento específica para o vinho do Porto denominada Reserva Qualitativa”. A titular da pasta da agricultura lembrou o conjunto de medidas para o sector do vinho já adoptadas (transversais a todas as regiões) e recordou que, especificamente quanto à região do Douro, estão previstos no orçamento do IVDP 2,06 milhões de euros para ações promocionais tanto nos mercados nacionais como internacionais. Apontou igualmente números fornecidos pelo próprio IVDP, segundo o qual as exportações em junho, quando comparadas com o mesmo mês do ano anterior, cresceram 14,7% em volume e 13,5% em valor, no caso do vinho do Porto, e 19,4% em volume e 14,5% em valor, no vinho do Douro. Uma outra forma de dizer que “os negócios nem vão assim tão mal”…
Pouco depois, o comunicado emitido pela AEVP esclarecia que os seus directores tinham estado na reunião enquanto tal e não enquanto membros do Conselho Interprofissional do IVDP. E reiterava as três medidas há muito propostas e que “não são alternativas nem dissociáveis”: uma medida de destilação de crise especifica para os Vinhos do Douro; a constituição de uma reserva qualitativa de Vinho do Porto, com um quantitativo de benefício determinado pelo Conselho Interprofissional, vinho esse que não poderia ser comercializado durante alguns anos; a reactivação das vendas através de campanhas de publicidade nacionais e internacionais, cujo orçamento não deverá vir das verbas promocionais anuais existentes no IVDP. Para efectivar estas medidas, a AEVP solicitou ao Governo a descativação do saldo de gerência (receitas das taxas e selos pagas pelos produtores) existente no IVDP, no valor de 10 milhões de euros.
Desses 10 milhões, a Ministra da Agricultura anunciou poder disponibilizar 3 milhões. Que a AEVP refere ser um ponto de partida, mas claramente insuficiente, esperando que a descativação seja estendida à totalidade do saldo. No final, o comunicado da AEVP lembra que o tempo urge: o Comunicado de Vindima para a região do Douro tem de ser publicado no final do corrente mês de Julho. Aguardemos pois.