A Câmara Municipal de Anadia, como organizadora do Millèsime, que mais uma vez contou com a colaboração da Grandes Escolhas, está de parabéns e presta um serviço assinalável aos vinhos portugueses!
Dificilmente se encontra uma simbiose mais perfeita entre localização, cenários, ambiente, festa e o objecto do evento, neste caso os espumantes, do que aqui. Pelo terceiro ano consecutivo no emblemático Hotel Palace da Curia, que evoca em cada um dos seus traços a época gloriosa do turismo termal das primeiras décadas do século XX, os espumantes portugueses encontraram o seu lugar de afirmação e demonstraram, aos milhares de visitantes que ocorreram à Curia, uma qualidade já transversal a muitas regiões do país.
Esta será, talvez, a primeira constatação que o visitante pode verificar in loco, perante a exposição de mais de uma centena e meia de referências que os 49 expositores (record absoluto) deram a provar.
Produzem-se hoje, em Portugal, espumantes de grande qualidade em quase todas regiões vitivinícolas. É verdade que a Bairrada continua a dominar em número produtores e em volume e jogava em casa e aproveitou a oportunidade para mostrar uma pluralidade de estilos e apostas que demonstram uma vitalidade crescente. É também verdade que Távora-Varosa não perdeu o ensejo de confirmar que tem um terroir único para a produção de grandes espumantes. Mas por todo o lado, do Minho ao Alentejo, das Beiras ao Tejo, do Dão à Península de Setúbal, o Millesime comprovou o interesse maior que os espumantes nacionais têm despertado nos consumidores, com o consequente aumento sustentável do seu consumo e a afirmação consistente da sua qualidade.
O Millèsime é festa, espalha uma alegria contagiante e consegue a proeza de comunicar e satisfazer as espectativas dos vários públicos que o visitam, sejam consumidores ou profissionais. Tem visitas institucionais de peso, como o Ministro Adjunto e Coesão Territorial, o Secretário de Estado do Turismo e outras individualidades. Tem diversão, animação e evocação do passado charmoso, entretendo os que se deixam seduzir pelo lado lúdico da festa. Tem boa oferta gastronómica, provando que os espumantes são dos vinhos mais transversais em termos de harmonização, e também provas comentadas de vinhos e harmonizações para os que querem saber mais e experimentar novos sabores e sensações. E tem um lado profissional que ficou patente no seu prolongamento a segunda feira de manhã (uma novidade desta edição), período exclusivamente reservado a compradores, e no almoço de convívio que se seguiu e na conversa entre enólogos e produtores proporcionada pelo convite a Marta Lourenço, enóloga da Murganheira e da Raposeira, que partilhou a sua experiência e saber na produção de espumantes com alguns dos seus colegas.
Duas conclusões se podem tirar desta edição 2025 do Millèsime: os espumantes portugueses estão a vencer a velha batalha contra a sazonalidade do seu consumo e têm um futuro auspicioso pela frente. Tchiiim!