Figo Lampo

TEXTO Ricardo Dias Felner
FOTO Ricardo Palma Veiga

É o fruto mais vezes citado no Antigo Testamento e isso diz do seu valor. Sem espanto, terá sido precisamente no Médio Oriente que primeiro floresceu, espalhando-se rapidamente por todo o Mediterrâneo.
No nosso Algarve tornou-se, com a amêndoa, o mais importante produto de sequeiro. A sua cultura chegou a estar tão difundida na região que se comia em substituição do pão ou com ele, logo ao acordar.
Ainda hoje há figueiral extensivo sobretudo no Sul, em Torres Novas e no Douro, mantendo-se algumas práticas ancestrais. Entre elas está a caprificação, uma estranha técnica que consiste na indução de picadas de um insecto, destinada ao amadurecimento do fruto — como bem explica Maria Manuel Valagão, no seu magnífico livro “Algarve Mediterrânico: Tradição, Produtos e Cozinhas”.
A técnica de secagem artesanal, ao sol, vai sendo contudo cada vez mais rara, mas fique sabendo que, feita correctamente, os figos são passados por água com sal e azeite, secos ao sol, acalcados e encestados com folhas de funcho e de aroeira, conhecida no Algarve por daro. Se for ao mercado de Olhão ao sábado de manhã, poderá comprar várias espécies e ver vários estilos de secagem, incluindo os torrados, normalmente mais pequenos.
A produção de figos para o mercado da fruta fresca tem duas épocas distintas de produção. Uma em Maio/Junho e Julho, que é a época dos figos lampos, e outra em Agosto/Setembro (até às primeiras chuvas), que é a época dos figos vindimos.
Coma-os frescos por inteiro, com a casca bem lavada, ou secos, infiltrados com nozes ou amêndoas, ou chocolate. Nunca, por Deus, os estrague com presunto manhoso.Edição Nº14, Junho 2018

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