Chefs com sangue na guelra manifestam-se

Movimento quer um maior reconhecimento internacional da gastronomia portuguesa.

 

FOTOS Cortesia Amuse Bouche

NÃO foi uma manifestação de megafone e car­taz, mas houve palavras de ordem. Um grupo de chefs portugueses, gastrónomos e jornalis­tas da especialidade decidiu que estava na hora de definir o que é isso da cozinha portuguesa. Durante semanas, um rascunho andou de email em email, de ver­são em versão, até se chegar ao Manifesto para a Cozinha Portuguesa 0.0.

O título tem o dedo de Miguel Poiares Maduro, ex-minis­tro Adjunto e reconhecido gourmet, envolvido na inicia­tiva desde o primeiro minuto, mas no texto participaram os 18 chefs portugueses que subscreveram o documento.

A apresentação ao público aconteceu no primeiro dia do festival Sangue na Guelra, a 5 de Maio, durante o Simpósio “Cozinha portuguesa, e agora?”. A ideia partiu das cabeças de Ana Músico e Paulo Barata, da Amuse Bouche, a agência de comunicação que criou e produziu novamente o evento.

Este ano, para além dos habituais jantares de peixe e ma­risco com jovens talentos, houve ainda o Blood n’Guts Lisboa Food Festival, um festival de comida de rua que teve lugar no HUB Criativo do Beato e reuniu cerca de 20 cozinheiros, a maioria gente ligada à alta cozinha, de Henrique Sá Pessoa (restaurante Alma) ao chef pasteleiro Diogo Lopes (Lab), passando por Alexandre Silva (Loco) e Ljubomir Stanisic (100 Maneiras).

Alguns deles já tinham começado a trabalhar semanas an­tes, em grupos de pesquisa ligados a quatro elementos essenciais: o sal, o sangue, frituras e pão. João Rodrigues, do Feitoria, por exemplo, chefiou uma equipa que andou a redescobrir salinas antigas, como as do Samouco, e a testar salmouras com fruta. Henrique Sá Pessoa, por sua vez, liderou um grupo que fez do tulicreme um tulisan­gue. Já da cabeça de Alexandre Silva e seus chefs nasceu um óleo aromatizado com cereais fermentados, ideia que podia muito bem tornar-se comerciável. No que respeita ao pão, o grupo onde estava José Avillez e o chef paste­leiro do Loco, Carlos Fernandes, trouxe as sopas secas de Penafiel para cima da mesa do simpósio “Cozinha portu­guesa, e agora?”, onde os projectos foram apresentados.

A ideia do manifesto é “incentivar a união de toda a co­munidade gastronómica em torno da cozinha portugue­sa”, bem como “partilhar conhecimentos, proteger tradi­ções e incentivar mudanças”.

O documento começa com uma demonstração de “orgu­lho” na cozinha tradicional, mas deixa claro que cozinhar “não se esgota na procura do bom sabor” e deve ter uma dimensão “cerebral, interventiva, criativa, subversiva”. No final, ficou uma ambição para o futuro: os subscrito­res consideram a cozinha tão importante para as crianças “como aprender a ler e a escrever”.

Quem quiser subscrever é só ir a www.sanguenaguelra.pt/ma­nifesto/

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