Colheita, um Porto de celebração

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quando se entra numa loja que vende Vinho do Porto são inúmeras as garrafas que têm data de colheita e que a ostentam bem destacada no rótulo. Outrora negócio de nicho, hoje é um segmento que interessa a quase todas as empresas. Principal razão: a procura de Colheita está a crescer muito entre os apreciadores, sobretudo como forma de celebrar uma data especial.

TEXTO João Paulo Martins
FOTOS Ricardo Palma Veiga

A produção deste tipo de Vinho do Porto esteve durante muito tempo associada com as casas portuguesas do sector. Durante anos e anos foi a marcas como Messias, Barros, Kopke, Burmester, Wiese & Krohn e Niepoort que os apreciadores recorriam para comprar um Porto Colheita. No outro lado estavam as empresas inglesas, sempre mais vocacionadas paras os vintages e L.B.V., como a Taylor’s, Fonseca, Cockburn, Croft e todo o grupo Symington (Graham’s, Warre, Dow’s, etc.)
Na última década, o interesse neste tipo de vinho começou também a motivar as empresas inglesas e o jogo mudou de figura. É um negócio importante porque acrescenta muito valor e porque “é uma resposta à apetência do mercado”, como nos disse José Alvares Ribeiro, responsável do mercado interno do grupo Symington. A apetência vem, como nos disse, “pelo renovado interesse pelos tawnies velhos, vinhos mais fáceis de tratar e de gerir, quer em casa quer na restauração”. A tendência actual para vinhos que possam ser consumidos refrescados também veio ajudar ao negócio dos Colheita, embora o grupo Symington não faça, por enquanto edições anuais de Porto Colheita – “Vamos lançar um Graham 1963 que se mostrou excelente só por si.”
A antiga tradição que muitas casas portuguesas mantêm é exactamente de engarrafar todos os anos uma pequena parte do stock e fazer depois engarrafamentos à medida das vendas. É a pensar nessa estratégia que a Sogevinus reserva todos os anos cerca de 400.000 litros para Porto Colheita. “É em Janeiro, no ano a seguir à colheita, que se decide para que marca vai o vinho, sendo certo que a Kopke absorve por norma 150.000 daquela quantidade, já que é o nome mais forte do grupo em Porto Colheita e, pela razão oposta, à Cálem caberão entre 10 a 15.000 litros”, afirma Carlos Alves, enólogo da Sogevinus. Tudo é devidamente controlado pelo IVDP que aceita o registo de determinada quantidade destinada a Porto Colheita e que faz depois o controlo periódico desse stock, havendo contas-correntes de todos os vinhos armazenados.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32022″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]CONTROVÉRSIAS À VOLTA DE UM ESTILO
Nunca houve no sector uma “unanimidade aprovativa” do Porto Colheita. Do lado da crítica choviam argumentos contra: com muitos anos de casco, a data da colheita já pouco interfere no produto final; para não perder qualidades o vinho tem de ir sendo rectificado e refrescado, o que ajuda à perda de identidade. Assim, o Colheita era olhado de lado por várias empresas, como a Sogrape e a Ramos Pinto, que há muitos anos deixou de produzir este tipo de vinho. Os dois argumentos aduzidos têm razão de ser, mas Álvaro van Zeller, enólogo da Barão de Vilar e da Andresen, argumenta que o IVDP, através da análise periódica que faz aos vinhos em armazém, pode detectar qualquer mudança de estilo, de cor, de teor de açúcar, e por isso “não se pode mudar substancialmente o que se tem em cave”; e a própria rectificação de aguardente não pode exceder os 2% ao ano, para uma evaporação que pode chegar aos 3%/ano. Na verdade, cada ano que passa há um pouco menos de vinho nos cascos, mas por uma boa causa. “Não me importo de perder vinho todos os anos”, diz-nos Álvaro.
Para manter a frescura do vinho requer-se também que existam passagens a limpo, ou seja, mudar o vinho de casco. Este processo é mais frequente nos vinhos novos, fazendo-se de três em três anos, e aí o objectivo é limpar o vinho das borras; já nos vinhos mais velhos a passagem a limpo pode ser feita de cinco em cinco anos, sendo que nesse caso o único objectivo é o arejamento. O tipo de vinho que temos e o que queremos dele, irá determinar, por exemplo, a quantidade colocada em cada pipa. “Se for para oxidar mais e evoluir mais depressa, deixo a barrica a meio, mas por norma, na Andresen, deixo 50 litros em vazio numa barrica de 500 litros”, refere Álvaro van Zeller.
Assunto controverso e não resolvido é a característica diferente que este tipo de vinho adquire, conforme tenha sido estagiado em Gaia ou no Douro. Dois factores intervêm neste tema: a temperatura e a humidade, ambos importantes mas, como nos confirmou Van Zeller e o que observámos na adega da Nogueira (Fonseca Guimaraens), em S. João da Pesqueira, a humidade pode mesmo ser o factor diferenciador. Na Nogueira foram instalados aspersores que permanentemente estão a colocar ar húmido na atmosfera do armazém, com clara diminuição da evaporação, e Van Zeller confirmou que em Gaia, mesmo num armazém mais quente, a evaporação é sempre mais contida do que no Douro, onde os vinhos, por força da conjugação temperatura/ar seco, tendem a ganhar aromas mais pesados, mais torrados e por vezes aborrachados, a que os ingleses chamam baked e que um nariz mais apurado detecta imediatamente em prova cega.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”32023″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]INTERESSE RENOVADO
No consumidor pode ficar sempre a dúvida: qual será a diferença entre o Tawny com indicação de idade 40 Anos e um Colheita que tenha estado 40 anos em casco? José A. Ribeiro confirma que “pode não ser fácil mas é o mesmo tipo de dificuldade que existe com outros tipo de Vinho do Porto que têm muitos pontos de contacto, com os Ruby Reserva e os L.B.V., por exemplo; o 40 Anos é um vinho de blend, é uma criação de loteamento sucessivo, enquanto o Colheita pode aparecer como um vinho não tão polido, onde as características do ano ainda podem estar presentes”. O conceito é confirmado também por Charles Symington, enólogo da empresa, que acha que “um ano mais quente ou mais fresco, um vinho com fruta mais ou menos madura, tudo isso se pode reflectir depois no Colheita, mas se forem muitos os anos de casco é de facto difícil perceber o ano.”
Mas no caso das marcas da família Symington, os Colheita vieram para ficar e a empresa pretende estar mais presente no mercado com este tipo de vinho. Não no caso Graham (onde haverá lançamentos especiais e engarrafado todo o stock do ano de uma vez só) mas nas outras marcas, tais com a Warre Otima ou a Dow’s, por exemplo. “Creio que fizemos bem em entrar neste novo negócio porque tínhamos e temos excelentes vinhos velhos em casco e, em muitos casos, em quantidade que justificava a colocação no mercado”, refere Charles.
Os portugueses estão a beber mais Porto Colheita e, na opinião de Jaime Vaz, da Garrafeira Nacional, em Lisboa, estão mesmo a comprar mais Tawny do que Vintage, a não ser nos anos clássicos. Com uma curiosidade: “Ao contrário dos vintages, o meu consumidor pede Colheita, não pelo nome do produtor mas pelo ano e com frequência, quando há escolha do mesmo Colheita, pedem engarrafamentos mais antigos. É um negócio que poderá andar entre as 15 e 20.000 garrafas/ano.” Luís Cândido da Silva, da Garrafeira Tio Pepe, no Porto, também não tem dúvidas: “Este é o segmento de Vinho do Porto que mais tem crescido e os nossos clientes pedem (talvez 50%) pelo ano que querem e não pela marca. Mas também estou certo de que foi o aparecimento de colheitas antigas de marcas prestigiadas que veio trazer um renovado interesse por este tipo de Porto”, confirmou.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” bg_color=”#efefef” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom” shape_type=””][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_text_separator title=”Colheita, modo de usar” color=”custom” accent_color=”#888888″][vc_column_text]A primeira ideia que nos surge quando pensamos na integração do Porto Colheita num menu é considerá-lo como vinho de sobremesa, servido por isso no final da refeição. A ideia está correctíssima e é mesmo como corolário da refeição que, por norma, entendemos o Colheita. No entanto é possível ter neste assunto uma atitude mais aberta e atenta. Assim, creio que um Colheita muito velho não deverá ter a mesma ligação com a sobremesa que reservaríamos a um Colheita novo, com 10 ou 12 anos. Para mim um Colheita muito velho é sempre o protagonista, quando não o solista do final do concerto: bebe-se sozinho, sem qualquer acompanhamento. Já um Colheita de meia-idade – entre 20 e 30 anos, por exemplo – pode merecer um tratamento diferente e ser grande parceiro, servido como entrada, com um foie-gras mit cuit. Pode ser servido nos copos de Porto ou, caso os possua, nos modelos especiais para colheitas tardias que algumas empresas de copos têm no portefólio. Um Colheita mais novo pode ser bem apreciado no início da refeição com amêndoas torradas ou, como as servem no Douro, fritas em azeite e temperadas com sal; mas também no final da refeição com sobremesas de ovos desde que não muito doces, como leite-creme, por exemplo, mas também a tarte tatin ou outro tipo de tartes de maçã.
[/vc_column_text][divider line_type=”Full Width Line” line_thickness=”1″ divider_color=”extra-color-1″][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]UM PORTO COM REGRAS?
Diz-se, e com razão, que nos assuntos do vinho não devem existir demasiadas regras, para que o prazer do consumo não vire uma actividade sujeita a demasiados normativos. No entanto, no caso do Porto Colheita, é verdade que convém o consumidor estar por dentro de alguns segredos que este tipo de vinho encerra. Na origem estamos a falar de um Porto envelhecido em casco e, por via disso, entra na categoria de Vinho do Porto Tawny. Vamos então ver as características específicas que este Tawny apresenta e que deveremos ter em conta, quer no acto da compra quer no do consumo.
1. Por lei, um Colheita só pode ser engarrafado após sete anos de estágio em casco. Mas não tem de ser engarrafado todo de uma vez. Por norma, seguida por quase todas as casas, os Colheita vão sendo engarrafados à medida das solicitações do mercado. Faz-se um engarrafamento quando é preciso, normalmente uma vez por ano, nas quantidades que o mercado irá absorver.
2. Os Colheita podem ser, na origem, vinhos brancos ou tintos. Actualmente já se faz a distinção ente Colheita branco e tinto, algo recente no sector do Vinho do Porto. No caso dos Colheita brancos, essa indicação vem no rótulo.
3. Algumas empresas optam por colocar os Colheita à venda apenas quando já têm 10 anos de casco. A idade de 7 anos é apenas a indicação oficial, a partir do qual o Colheita pode ser vendido. Fica assim ao critério de cada empresa a idade a partir da qual começa a vender o seu Colheita.
4. Esta regra do engarrafamento faseado, leva a que o tempo de estágio possa ser muito diferente, dependendo do tempo que esteve em casco. Exemplo: há várias empresas que ainda têm o Colheita 1937 em casco e estão a engarrafá-lo aos poucos, desde os anos 40. Assim, um 37 comprado agora e engarrafado recentemente, terá muito mais anos de casco do que o seu equivalente engarrafado há 40 ou 50 anos. E, diz-nos também a prática, o que tiver sido engarrafado há menos tempo estará muito mais vivo e fresco. Fica então a primeira sugestão: antes de adquirir um Porto Colheita verifique a data de engarrafamento presente no rótulo ou contra-rótulo. Do que atrás se disse não se conclui que só os engarrafamentos recentes são de considerar; um Colheita engarrafado há muito tempo pode continuar a mostrar imensa saúde e adquirir mesmo o famoso “cheiro de garrafa”, algo difícil de definir mas corresponde a uma nota vidrada que nos indica que o vinho estará engarrafado há muito. A ideia é que, perante uma opção de compra entre dois Colheitas do mesmo ano e do mesmo produtor, será preferível escolher o que tiver menos tempo de garrafa.
5. Os Colheita são sempre filtrados antes do engarrafamento. Não requerem assim decantação prévia. No entanto, caso tenha já muitos anos de garrafa, é possível que apresente algum depósito. Há então que ter alguns cuidados no manuseamento da garrafa para que o Porto seja servido limpo e límpido.
6. Caso exista depósito e tenha de ser decantado, o vinho tanto pode ser servido num decanter (de cristal, de preferência) como na própria garrafa. Nesse caso decante o vinho, lave bem a garrafa e volte a colocar o vinho na garrafa original.
7. Tal como todos os Porto Tawny, os Colheita devem ser conservados ao alto na garrafeira; o facto de se tratar de um vinho já oxidado não obriga a que a garrafa seja conservada deitada.
8. Ao contrário dos Vintage, os Colheita podem ser consumidos tranquilamente durante alguns meses sem perda de qualidade na garrafa depois de aberta. Mas aqui há que não exagerar e, ao final de um ano, o vinho terá perdido frescura. Há assim que prestar atenção ao tempo que decorre entre a abertura e o final do consumo da garrafa.
9. O Colheita beneficia em ser servido ligeiramente fresco, fica bem mais elegante e ganha muita vivacidade. A garrafa deverá ser colocada no frio um par de horas antes do serviço, mas, se necessário, não há que hesitar em usar um balde de gelo para que o Colheita não fique prejudicado com a temperatura.
10. O Colheita não ganha com o tempo de garrafa. Alguns aromas podem modificar-se mas, no essencial, a evolução fez-se antes do engarrafamento. Conservar um Colheita em casa por muitos anos à espera de melhorias significativas pode revelar-se contraproducente.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][nectar_animated_title heading_tag=”h6″ style=”color-strip-reveal” color=”Accent-Color” text=”Em prova”][vc_column_text]

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Edição Nº18, Outubro 2018

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