[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Quando pensamos em vinhos alemães é muito provável que nos venham à memória duas regiões: Mosel e Rheingau. Ambas estão intimamente relacionadas com rios que lhes dão o nome. É do Mosel que tratamos hoje.
TEXTO João Paulo Martins
FOTOS cortesia Deutsches Weininstitut
O Mosel (em português chamamos-lhe Mosela) é um rio que atravessa três países – França, Luxemburgo e Alemanha. Ao longo dos seus 560 km vamos encontrando paisagens magníficas, algumas delas de cortar a respiração pelo incrível trabalho humano que exigem. O rio percorre a Alemanha de Oeste para Este desaguando no rio Reno, em Koblenz. Apesar de atravessar três países e de ser nome importante aposto numa garrafa de vinho, é verdade que a fama e prestígio dos vinhos aqui produzidos derivam exclusivamente das zonas alemãs e, mesmo na Alemanha, há vinhas absolutamente míticas e outras de menos valia. São sobretudo as condições de solo e exposição solar que são responsáveis por essas diferenças. Estamos numa zona de clima frio onde, mesmo nos estios considerados quentes, é muito raro a temperatura subir acima dos 18º.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34370″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Onde o sol manda e o solo obedece
Mosel é uma das trezes regiões demarcadas alemãs. Já em tempos se chamou Mosel-Saar-Ruwer (com referência a dois rios afluentes do Mosel) mas a partir de 2007 adoptou oficialmente o nome de Mosel. Dados de 2008 apontavam para 9.000 ha de vinhedos. O rio tem um percurso muito original, serpenteando entre montes e vales e fazendo com que facilmente se perca a noção de onde está o norte e o sul. Isto também significa que, com poucas centenas de metros percorridos, podemos passar de uma zona de vinha altamente qualificada e com muito prestígio, para uma outra cujas vinhas apenas produzem vinhos vulgares. É nas margens do rio, sobretudo nas de maior declive e viradas a sul e poente que se situam as parcelas com mais nobreza. Em frente a estas, e na margem oposta do rio, podemos encontrar uma zona plana também repleta de vinhedos. As zonas planas são bem mais produtivas e os vinhos carecem de concentração, ao contrário das zonas mais íngremes e bem expostas ao sol onde se pratica uma viticultura heróica, totalmente manual e com inclinações que podem pôr em risco a própria vida de quem ali trabalha. Há mesmo uma vinha com uma inclinação record de 65%. No solo domina a ardósia, vulgarmente pedra solta que torna o terreno muito cascalhento. Tem um efeito duplo: por um lado drena o excesso de água e por outro reflecte a luz solar e transmite calor à planta, o que favorece a maturação das uvas. É depois a combinação da ardósia com subsolos de outra composição, com mais ou menos argila e variações de calcário que originam as diferenças de terroir que os vinhos espelham.
Como acontece um pouco na Borgonha, aqui estamos (nos melhores vinhedos) em terra de monocasta, por aqui é a Riesling que reina em absoluto, com frequência plantada em pé-franco. Desde os finais do sec. XVII que a Riesling adquiriu a supremacia sobre as outras variedades. Actualmente há mais castas brancas, como Müller-Thurgau e vários cruzamentos de Riesling e até tintos, como é o caso da Spätburgunder (Pinot Noir).
O reconhecimento das qualidades destas encostas para gerarem vinhos notáveis é antiga. Muito antiga mesmo. A atestá-lo estão os achados arqueológicos romanos que, no sopé de uma das encostas bem íngremes, nos dizem que já os súbditos de Roma ali faziam vinho em lagares de pedra. Os vinhos, sobretudo nos anos com Verões um pouco mais quentes, tendiam a não conseguir levar a fermentação até ao fim ficando por isso com açúcar por desdobrar, ou seja, doces. O resultado final era então um vinho com pouco álcool e doce. Foi esse modelo que foi ganhando adeptos e fez dos vinhos do Mosel um modelo neste perfil de álcool baixo, acidez elevada e açúcar residual. À volta de 1850 começa-se a usar a chaptalização (adição de açúcar ao mosto) para compensar os maus anos em que não havia boas uvas com açúcar suficiente. A técnica ainda é usada, mas os produtores fiéis ao método ancestral não usam açúcar (rigoroso controle estatal) e essa indicação também pode surgir no rótulo quando vem em abreviatura (Qmp) ou por extenso, Qualitätswein mit Prädikat.
Percentualmente, a região até produz mais vinhos secos de que doces, mas os doces continuam a ser a referência e ainda que a casta esteja plantada em muitos locais do mundo, em nenhum como no Mosel aquela combinação mítica funciona tão perfeitamente. Acresce também que a casta tem ainda a particularidade (rara) de, mesmo imatura, conseguir originar vinhos finos e de grande elegância. Mesmo na região do Rheingau (Reno) onde a Riesling também domina, os vinhos são em geral bem mais alcoólicos e mais secos do que no Mosel.
No seu percurso alemão, o Mosel divide-se em três zonas, alto, médio e baixo Mosel. É na zona média que se situam 50% das vinhas mais famosas da região, com o centro nevrálgico em Bernkastel e Piesport. Com frequência encontramos vinhas com relógios de sol (Sonnenuhr) e isso vem depois incorporado no nome do vinho. Dois exemplos: Brauneberger Juffe Sonnenuhr (onde fica a famosa vinha do produtor Fritz Haag), e Wehlener Sonnenuhr onde vários produtores tem algumas filas de cepas, como J.J. Prum ou Dr. Loosen.
A hierarquia dos vinhos desta região faz-se também em relação ao teor de açúcar que incorporam. É um modelo nem sempre fácil de interpretar, mas que basicamente se pode dizer que vai dos mais baixos níveis de açúcar, de Kabinet Trocken até aos vinhos feitos com uvas atacadas de botrytis e que são os mais doces, chamados Trockenbeerenauslese. Nos patamares intermédios temos os Spätlese, Auslese e Beerenauslese, sempre em crescendo de doçura. A cada um destes tipos corresponde um teor máximo de açúcar. Alguns produtores optam por aumentar esse teor sem que, com isso, os vinhos mudem de categoria. Assim, um Spätlese ou Auslese com mais açúcar poderá (opção do produtor) levar uma cápsula dourada – caso do vinho que hoje apresentamos – ou mesmo “extra-longa” cápsula dourada.
O fabrico destes brancos cumpre a regra de “deixar a casta brilhar” e por isso apenas barricas usadas são utilizadas para a fermentação. Barricas novas não é tema de conversa por estes lados. Os vinhos de entrada de gama são vinificados em inox. O facto de serem vinhos doces torna-os mais exigentes no que toca à ligação com a comida. São essencialmente vinhos para consumo a solo com os mais doces a poderem ser perfeitos companheiro para um foie-gras. Exigem uma temperatura de serviço mais baixa e o facto de serem vinhos de graduações muito baixas, permitem uma prova fácil e muito agradável.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column centered_text=”true” column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_gallery type=”flexslider_style” images=”34371,34372,34373″ onclick=”link_no”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Como sobreviver nesta confusão?
Para o consumidor desprevenido e pouco familiarizado com estas particularidades ficam aqui duas ou três sugestões que podem ajudar na escolha, sobretudo quando não conhecemos nomes de produtores ou vinhas. Em primeiro lugar a indicação VDP na cápsula é mais do que meio caminho andado. A Associação VDP – Verband Deutscher Prädikatsweingüter – com a imagem da águia de asas abertas, nasceu timidamente no séc. XIX mas foi em 1971 que tomou o nome que ainda tem. Em 2010 comemorou 100 anos com o actual perfil e tem agora, dados de 2015, 200 membros, que correspondem a outros tantos produtores dispersos pelas várias regiões demarcadas. Cerca de 7% da Riesling plantada no mundo está nas vinhas destes 200 membros. O extremo rigor na admissão de novos membros (e há quem a apelide também de fortemente elitista…) e a exigência de qualidade (nomeadamente a produção de vinhos Qmp) são regras assumidas entre os membros; depois é bom ter presente alguns nomes dos produtores que mais fama deram à região do Mosel. Serão sempre os mais caros mas…um dia não são dias: Egon Müller, Dr. Loosen, J.J. Prüm, A. S. Prüm, Willi Schaefer, von Schubert ou Fritz Haag. Caso visite a região, reze às alminhas para que William Haag, do produtor Fritz Haag, não esteja em casa e seja alguém outro a recebê-lo. É que, a par de uma simpatia e generosidade contagiantes, William tem um aperto de mão que lhe pode partir a sua. Não é bem uma mão, é mais uma tenaz…
Pode também escolher um vinho a partir do nome da vinha, uma vez que aqui no Mosel as vinhas mais famosas são partilhadas por vários produtores. Assim, nomes como Brauneberger Juffe, Whelener, Graacher Himmelreich, Scharzhofberger, Erdener Treppchen, Erdener Prälat, Maximin Grünhaus e Ürziger Würzgarten são apostas seguras.
O produtor do vinho que seleccionámos – Robert Eymael – contempla vinho de algumas das mais famosas vinhas da região: Ürziger Würzgarten, Erdener Treppchen e Erdener Prälat. Não encontrei preço para este 98. Apenas para o 2001, a $65 nos EUA.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]
Edição Nº22, Fevereiro 2019
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]