Olhar o vinho com outros olhos

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Vinhos com um perfil de consumo marcadamente alternativo, alicerçados numa abordagem minimalista aos trabalhos de adega têm, a cada ano que passa, uma oferta aumentada. O grupo Passevinho é uma boa amostra do que se passa em Portugal neste conceito de produção vinícola.

TEXTO João Afonso
FOTO Cortesia Goliardos

O grupo é formado por seis jovens carolas que defendem que deve ser mais a “Natureza” a fazer o vinho do que eles próprios. Enfim, um pouco ao jeito dos nossos avós e bisavós que não tinham “a jeito” toda a tecnologia do tempo moderno. Ou seja, desprezam todo o avanço feito pela enologia contemporânea e voltam, mais coisa menos coisa, ao passado do “adegueiro inspirado”.
Neste conceito de vida e vinho, parte-se de uma viticultura orgânica (leia-se em modo de produção biológico, portanto, à partida, sem químicos, ainda que o cobre, oligoelemento usado nos tratamentos fitossanitários das vinhas orgânicas, se possa tornar um problema ainda maior do que os químicos de síntese – mas isso é outra história…). E na adega pouco mais se utiliza além das mãos e dos pés de cada operacional.
Antioxidante (dióxido de enxofre, vulgo – sulfuroso) é usado em quantidades mínimas – doses homeopáticas – como referia António Marques da Cruz, da Quinta da Serradinha, ou é mesmo dispensado do princípio ao fim do processo, como quase sempre faz Rodrigo Filipe da Encosta da Quinta, com a marca Húmus, justificação para comunicar estes vinhos como “naturais”. Claro está que leveduras selecionadas ou qualquer outro produto enológico, nem pensar, e para a garrafa vai o vinho inteiro, ou seja, sem filtração ou colagem. Puro e duro como se costuma dizer. Neste caso, e para os brancos, dá-se o tempo necessário para o vinho fazer a fermentação maloláctica – não se pode correr o risco de deixar que ela se faça na garrafa, pois isso significaria muito provavelmente a ruina do vinho. É tudo muito simples e minimalista. Mas será tudo bom?[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]O efeito atlântico
Rodrigo Filipe (marca Humus), António Marques da Cruz (Quinta da Serradinha e COZs), Tiago Teles (Raiz, Gilda e COZs), Pedro Marques (Vale da Capucha) e Sílvia Bastos, Nadir Bensmail e Álvaro Castro (Uvelhas Negras, Quinta da Pellada & Os Goliardos, com a marca Achada) – são os entusiastas deste novo/velho modo de encarar a feitura de vinho.
Vários contextos fazem a comunhão do grupo. Além da questão orgânica das vinhas, já referida, que é transversal a quase todos (excepção para os que trabalham com uva de outros produtores, que é o caso Uvelhas Negras e o vinho Gilda de Tiago Teles que vem de uvas Campolargo), e da questão do fabrico de vinhos, o mais próximo possível do conceito “natural”, há também a partilha entre todos do que é promoção e apresentação dos vinhos, assim como visitas a outros produtores, na senda da cultura e enriquecimento vitivinícola.
Há também a questão geográfica. Todos os elementos, à excepção dos Uvelhas Negras, trabalham com “uvas atlânticas”, criadas em clima com forte influência do grande oceano. A “proximidade do mar” foi insistentemente referida durante a apresentação destes vinhos em Lisboa.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/2″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][image_with_animation image_url=”34379″ alignment=”” animation=”Fade In” border_radius=”none” box_shadow=”none” max_width=”100%”][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Por um lado, o efeito atlântico representa dificuldade acrescida para a viticultura biológica, mas, por outro lado, há vantagem nos elevados níveis de acidez que estas uvas normalmente conservam até à colheita. Só para dar uma ideia destes teores, em anos radicais como foi o de 2017, o mosto de Humus de Rodrigo Filipe apresentava no início um pH de 2,65 tendo ficado no final pelos 2,95. Estamos em presença, de um modo genérico, de vinhos com uma acidez bastante elevada que, na maioria dos casos, protege o vinho de oxidações mais nefastas (acidez elevada ajuda a proteger mostos e vinhos).[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Vinhos desafiantes
A filosofia enológica “natural”, “alternativa” ou “minimalista” é bastante simples e, também, bastante imaginativa. Não vou cansar o leitor, descrevendo como é feito cada um dos vinhos que provei, mas desde tintos feitos para serem bebidos cedo, ou seja, com um ano e pouco, até brancos com mais de 4 anos de estágio, ou mesmo “abandono”, como se chegou a gracejar durante a apresentação, tudo é possível. Brancos e tintos feitos em lagar, mistura de uva branca com tinta, uso de películas de um vinho para ajudar outro em construção, ausência total ou quase total de correções de mosto, fermentações sem controlo, etc. são algumas das práticas acerrimamente defendidas por estes produtores.
Dos 24 vinhos em prova, 12 brancos e 12 tintos, conclui que houve alguma vantagem de qualidade para o conjunto de brancos que, não tendo, na maioria dos casos, de lidar com a questão “taninos” (um óbice em muitos dos vinhos ditos atlânticos) se apresentam mais afáveis ao palato.
A título meramente pessoal, entendo que este tipo de vinhos diferenciadores constitui uma espécie de lufada de ar fresco (ainda que grande parte dos vinhos brancos provados tenham um registo envelhecido) na oferta de vinhos de hoje, como sabemos, quase totalmente voltada para “o que o mercado quer”.
Estes vinhos chamados “naturais” vêm trazer confronto e discussão à mesa onde são servidos. Os defeitos (ou desvios) de prova são evidentes em vários casos, mas frequentemente passam mais por carácter e feitio. São vinhos que, para muitos palatos (onde, de certo modo, me incluo) são estimulantes ou melhor dizendo, desafiantes. Os melhores casos poderão ser excelentes companheiros de refeição. Mas também é certo que alguns deles estão para lá do minimamente aceitável, os defeitos sobrepõem-se ao feitio. Há que ter critérios bem aferidos para se saber onde está a linha que não deve ser ultrapassada. Claro que cada qual tem a sua linha, mas o senso comum deverá sempre imperar.
Posto isto, neste embate de vinhos alternativos (acho que o grupo não gostará muito desta designação, ainda que eu os considere como tal) tive as minhas preferências. Como já referi alguma vantagem genérica para os brancos ainda que o vinho de que mais gostei fosse um tinto. Nos brancos destaco Humus 2017, Quinta da Serradinha Encruzado e Arinto 2016, COZs Vital 2017 e COZs Maria Gomes 2017; e nos tintos, Raiz 2017, Gilda 2012, Achada VO 2016 e Achada 2013. Dos restantes, alguns interessantes, mas sem capacidades para impressionar o palato e ainda outros, como referi, para lá do aceitável. Os brancos e tintos citados são vinhos que não hesitaria em comprar ou escolher numa carta de restaurante – os preços até são bastante razoáveis.
Concluo, com um cumprimento às intenções de todo o grupo e fazendo votos do maior sucesso para as os seus projectos. Estes vinhos “alternativos” não são uma espécie de patinho feio do vinho português. São sim um respeitável movimento, um modelo diferenciador que importa preservar, defender e promover.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]

Edição Nº22, Fevereiro 2019

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