Pêra-Manca: O regresso do grande clássico

O lançamento de mais uma colheita do Pêra-Manca tinto é sempre um acontecimento aguardado com grande expectativa pela comunidade dos enófilos. Agora foi a vez do tinto de 2013.

 

TEXTO João Geirinhas FOTOS Cortesia FEA

O vinho é um ícone alentejano e o seu prestígio, aliado ao preço com que chega ao mercado, atiram-no para um patamar exclusivo que reforça o seu estatuto de excepção entre os vinhos portugueses. A raridade também se expressa pelo reduzido número de colheitas lançadas até ao momento. O vinho só vê a luz do dia em anos considerados de excepcional qualidade. Desde 1990, data do primeiro Pêra Manca, este tinto teve apenas treze edições, sendo a última a colheita 2011.

A apresentação à imprensa do novo Pêra-Manca tinto 2013 decorreu no Fórum Eugénio Almeida, perante dezenas de convidados. Logo a abrir, Mateus Ginó, presidente do conselho de administração da FEA, dá uma noticia que acentua ainda mais a exclusividade do vinho. Esta é a menor colheita de sempre do Pêra-Manca tinto: apenas 19 mil garrafas! Esta redução, fruto das condições particulares da vindima de 2013, irá acentuar certamente a pressão sobre FOTOS Cortesia FEA o preço de venda ao público e a expectativa da sua prova. Tal como a colheita anterior, as garrafas do Pêra-Manca 2013 surgem no mercado com um selo holográco associado a um código que deve ser validado no site da Fundação, garantindo assim a protecção contra falsicações.

No perfil de um vinho clássico não se mexe ou mexe-se muito pouco. Pedro Baptista, enólogo e administrador da casa, explica-nos que esta colheita de 2013, assenta como de costume nas duas castas tradicionais: Trincadeira e Aragonês, neste ano com a particularidade de uma ligeira pre-dominância da primeira sobre a segunda (55% – 45%). É de três talhões, com a idade média de 35 anos, que as uvas são colhidas à mão e depois carregadas para a nova adega Monte dos Pinheiros, onde são tratadas “com pinças”: previamente refrigeradas, bagos retirados dos cachos e transportados por gravidade sem bombagem de forma a não dilacerar a película, prensagem suave e fermentação em separado em depósitos de carvalho francês.

Antes da composição do lote final, o vinho estagia entre 18 e 24 meses em grandes tonéis nas caves da Adega da Cartuxa. Só após este estágio Pedro Baptista inicia o trabalho, muitas vezes solitário, de preparar o lote final, um exercício exigente que alia um método cientifico, uma técnica precisa, bastante sensibilidade e, como não poderia deixar de ser, um toque de cunho pessoal. Feito o lote, o vinho já engarrafado estagia mais dois anos e meio antes de ser finalmente lançado no mercado. Assim nasce mais um Pêra-Manca tinto.

Vinho de talha vem a seguir
Antes do jantar servido na Adega da Cartuxa, Quinta Valbom, tivemos oportunidade de provar aquela que será uma das novidades da FEA num futuro muito próximo: um vinho de talha da vindima de 2017. Correspondendo ao interesse crescente que esta arte milenar do Alentejo tem despertado junto de cada vez mais vastas camadas de consumidores, pela autenticidade e forte caracter dos vinhos assim produzidos, as grandes talhas de barro têm tido uma enorme procura por parte de muitos produtores, o que as transformou num objecto de desejo raro e muitas vezes já inacessível.Quis, contudo, o destino que, quando da desactivação de uma velha adega em Reguengos de Monsaraz, os responsáveis da Fundação tivessem conhecimento da existência de 25 talhas de com cerca de 1200 litros de capacidade qu

e rapidamente foram adquiridas e transportadas para Évora. Apesar de todos os cuidados, no transporte acabou por se perder uma das talhas, mas conseguiu-se que as outras 24 fossem instaladas e tornadas operacionais. O vinho que provámos em ante-estreia absoluta revelou-se uma surpresa face ao perfil tradicional que estes vinhos da talha costumam exibir. Mas independentemente do estilo mais ou menos clássico, é muito importante para a afirmação destes vinhos a entrada da Adega da Cartuxa no ainda restrito lote de produtores alentejanos que cultivam esta prática.No decorrer do jantar foram ainda servidos os vinhos que estão a ser lançados ne

ste final de ano e que serão objecto de prova nas próximas edições da V Grandes Escolhas: Scala Coelli branco 2015, este ano feito exclusivamente da casta Alvarinho; o Pêra-Manca branco 2015; e os tintos Cartuxa Colheita 2014, Cartuxa Reserva 2014 e Scala Coelli tinto 2014, feito de Petit Verdot. Impressiona desde já a diversidade desta ampla oferta de vinhos, tal como a consistência que as sucessivas colheitas têm apresentado ano após ano em quantidades cada vez mais significativas e que no caso do Cartuxa atinge já as muitas centenas de milhar de unidades.

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