Produção mundial terá baixado em 2017

Apesar das condições climatéricas muito secas, Portugal deverá ter produzido mais 10% de vinho que no ano passado. Os números foram divulgados pela OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), em conferência de imprensa em Paris, onde a OIV tem a sede. Os valores portugueses, ainda provisórios, foram fornecidos pelo Instituto da Vinha e do Vinho. Os valores mais seguros serão conhecidos a partir do dia 15 de Novembro, data para entrega das Declarações de Colheita e Produção. Nessa altura, os números poderão sofrer alguma alteração…

A verificar-se, o panorama português foi a excepção à regra: os quatro maiores produtores mundiais sofreram descidas em 2017. De tal maneira que afectaram o volume total de vinho produzido no mundo: face ao ano passado, a produção de vinho deverá ter descido mais de 8% (estes números ainda são provisórios). Este ano, o planeta terá produzido apenas 246,7 milhões de hectolitros, contra 268,8 em 2016. Esta será a segunda descida consecutiva, mas é confrontada com um consumo mundial a crescer. Lentamente, mas cresce. Ora, pela lei inexorável da oferta e procura, a descida na produção e o aumento do consumo poderá ter consequências a nível de preços do vinho. O “quanto” é a grande incógnita…

Frederico Falcão, presidente do IVV, disse-nos a propósito que “a produção mundial de vinho anda historicamente um pouco acima do consumo. Com uma tendência crescente, a nível mundial, do consumo de vinho e com este decréscimo de produção, estamos já a assistir a um aumento do preço das uvas e do vinho a granel”. No entanto, considera este executivo, “creio que na maioria das situações não irá haver aumento do preço dos vinhos ao consumidor, pelo menos num curto prazo. A maioria dos produtores irá sacrificar margens e manter preço de venda dos seus produtos”.
Mas voltemos aos números…

Quebra nos quatro maiores
A maior quebra de produção terá ocorrido na Itália, com 23% abaixo de 2016. Só não foi desalojada do primeiro lugar mundial porque os dois países seguintes, França e Espanha, também terão descido significativamente face a 2016: menos 19 e 15 por cento, respectivamente.
Os maiores crescimentos nos grandes produtores surgiram no hemisfério sul (Argentina e Austrália cresceram 25 e 6%, respectivamente). Note-se, contudo, que 2016 foi um ano muito fraco de produção na Argentina.
Mas os mais espectaculares crescimentos deverão ter surgido em países com níveis um pouco mais modestos de produção: no Brasil e na Roménia, com valores de 169% e 64%, respectivamente. A Áustria (23%) e a Moldávia (20%) também cresceram.
Portugal mantém o 11º lugar no ranking mundial de países produtores, situação que se deverá manter nos próximos anos. O nosso ‘concorrente’ mais próximo, a Alemanha, está o suficiente acima para não ‘temer’ uma ultrapassagem. Na parte de baixo, a Rússia, acontece o mesmo, embora os russos não tenham ainda dado estimativas de produção para 2017…
(texto de António Falcão)

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